segunda-feira, 14 de setembro de 2009

escrever além de poder



Roland Barthes: “nunca posso falar senão recolhendo aquilo que se arrasta na língua”.

Sempre me inquieta essa afirmativa de Barthes, mas aos joelhos da escritura, na permissão doada pela diferença da linguagem, dispo meu texto das máscaras e coibo, assim, toda reição insatisfeita de seu lugar. O local da escritura é o alhures da incorporação do sujeito no gozo, como metáfora. Dessa forma, além da servidão, estamos aquém da totalidade e do Absoluto. Não intento uma dialética da escritura, por ser isso já uma quebra do enunciável pela incerteza, por essa intimidade necessária com as palavras. A história se arrasta na língua, mas os rastros descartam a possibilidade de grafo direto, interno e servil. Estancar-se no rastro deixa se escrever como subtração da razão política, para se pôr novamente em guerra (pólemos) contra um gregarismo assertivo. Preciso antes de um deslocar-se, destopicalizar, muito aquém de uma utopia. Destopicamente, o texto poético é aquele que sobrevive na ação de um sujeito, em prática com sua escritura, sua atualização e encruzilhada. Deixa assim assinado: "So thou, being rich in Will, add to thy Will / One will of mine, to make thy large Will more: / Let no unkind, no fair beseechers kill; / Think all but one, and me in that one Will." O agitador de cenas (shake-scene, como propôs Robert Greene) sabia bem fazer arder desejosamente seu nome, no cruzar da língua e do arrastRar de sua escritura.

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