sexta-feira, 21 de agosto de 2009

bibliotecas conjecturadas (4): "Der Ursprung des Kunstwerk"


“τέχνη não significa nem manufatura, nem arte e, finalmente, nem a técnica no sentido dos dias de hoje: ela não quer dizer, nunca, um tipo de realização prática. A palavra τέχνη nomeia muito mais um modo do saber [Wissen]. Saber significa: ter visto, no mais amplo sentido de ver, quer dizer: o perceber do presente como um tal. A essência do saber repousa, para o pensamento grego, na αλήθεια, ou seja, no desencobrimento [Entbergung] do ente. Ela traz e acompanha cada comportamento para com o ente. A τέχνη, como experimentada no saber grego, é um trazer-à-frente do ente, na medida em que traz o presente como um tal desde o encobrimento, especialmente, ao não-encobrimento de seu aspecto; τέχνη nunca significa a atividade de um fazer”


(Martin Heidegger)

*** **** ***** ******* ********* ***

Ler Heidegger é caminhar ao repouso da palavra enquanto ela é apenas já uma temporalidade. Assim, sua terra não está além do instante em que o fazer-acontecer do nome, símbolo, se intenta contra a coisa e a coloca como problema primeiro. O caminho trilhado na Floresta Negra de Heidegger é antes de tudo um saber da técnica no qual a arte se consome e se propõe. Desse modo, todo movimento para um repouso é delimitado por suas condensações do existente, do à mão. Se todo pensamento é à mão, feito por elas, a arte coloca-se como um saber de outro nível. A permanência é sua morada onde a portada é povoada de bustos para corvos pousarem. Como em festa, o dia do clarão da arte é uma forma de enteléquia que possibilita a permanência e presentifica a angústia da coisidade da coisa. Somente por seu entrechoque com o esquecimento, com o olvido, é que a verdade da arte se manifesta como um velar novamente, um revelar-se a si por si. Assim, Heidegger nos coloca no dilema da palavra visiva, da contemplação que produz o poetizável do utensílio, dá o existente do objeto. Ao não-encobrir a leitura, ler Heidegger é fazer-se como origem, na pergunta sobre a origem essencial.

Nenhum comentário: