segunda-feira, 10 de agosto de 2009

derrida: da riba deriva


A forma do escrever. À fonte da escrita, insta-se uma diferença. Aqui, o que é pedir? Almejar? Em termos da língua, o discurso insta-se por si no sujeito. Doutra forma, outra margem. Assim, toda atividade de escrita é, antes, uma inscrição da experiência com a diferença, da diferença. A deriva da palavra é a falange, às margens. Como corpo de guerra, o pedido da escritura é sempre uma multidão espúria de si. Em termos de seu habitar, o poético, a escrita apenas pode mostrar-se como uma bastardia do corpo comum, do uniforme de batalha. É espúrio do sentido comum. Dessa forma, o alheio que habita esse pedido é a diferença que se constitui como si mesmo da experiência da forma, do dizer pela escrita. O ensino de Derrida é aquele de colocar em xeque a língua primeira, arcaica, como possibilidade recenseada. A particularidade do sujeito impõe-nos uma visada de nosso aspecto espúrio na língua, para aí sim dizer a si por si. Sobe-se o rio, nesse pedido, mas mantém-se à deriva toda derrocada da nomeação. Toda diferença é um lance de dados que, não pela imposição do acaso, nos coloca nessa margem frente ao lado alto e, ao mesmo tempo, nos naufraga como não idênticos.

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